Duarte Guimarães

Duarte Guimarães, 20 anos

Olá, chamo-me Duarte, tenho 20 anos e estou a frequentar o terceiro ano na licenciatura de Engenharia Biomédica.

Fui diagnosticado com a doença celíaca aos 7 anos de idade e à data andava a ser seguido na pediatria do Hospital Pedro Hispano em Matosinhos. Dois anos antes de ser diagnosticada a doença, comecei com sintomas: dores abdominais intensas, diarreias frequentes, vómitos, perda de peso, fraqueza muscular e abdómen volumoso. Depois, acabei por ser transferido para o Hospital de São João no Porto onde realizei a biópsia com o resultado positivo para a doença celíaca.

Nessa altura, a alimentação sem glúten era muito pouco divulgada e, para além disso, como eu vivo numa zona rural, a oferta de produtos sem glúten não existia, pelo que tínhamos que nos deslocar a grandes distâncias (por vezes até Espanha) à procura de lojas dietéticas, únicos locais onde existiam produtos sem glúten naquela época.

Confesso que a minha aceitação inicial da doença foi positiva, não só um pouco pelo “alívio” da dor e desconforto sentido nos dois anos anteriores, mas também em especial ao cuidado e à atenção que a minha família teve comigo, desde frequentarem cursos de culinária fornecidos pelo serviço de nutrição do HSJ em parceria com a APC, como o cuidado na confeção de refeições sem glúten. Para além disso, ao nível social, apesar de estar um pouco receoso, o meu círculo de amigos acabou por aceitar bem a minha condição de tal maneira que quando ia para casa de algum dos meus amigos, alguns pais deles telefonavam para saber informações relativamente à confeção de alimentação sem glúten, o que me deixou muito feliz.

Uma vantagem de ter sido diagnosticado em criança, foi a aprendizagem desde cedo desta condição e a posterior adaptação a este novo estilo de vida com o cumprimento de dieta sem glúten. Com a ajuda, auxílio e os ensinamentos da minha família desde pequeno fui conhecendo e compreendendo ao longo do tempo os significados dos termos “sem glúten” ou “pode conter vestígios de glúten”, os ingredientes proibidos, perigosos e permitidos e até mesmo o conceito de “contaminação cruzada”. Alguns dos hábitos que fui adquirindo foram, sem dúvida, a leitura de rótulos que me permitia o conhecimento dos alimentos que poderia comer.

Quando entrei na fase da pré-adolescência/adolescência, comecei a ser mais resolvido com este estilo de vida. Quando ia para casa de algum amigo meu, ou até mesmo acampar, preparava antecipadamente os snacks necessários para os dias e caso fosse para um outro estabelecimento como café, bar, ou até mesmo eventos, como festivais de verão, fazia sempre uma pesquisa do local onde ia e as opções sem glúten que poderiam existir.

Atualmente, já existe muita oferta de produtos sem glúten, nomeadamente, locais especializados e certificados nessa alimentação tais como McDonald´s, pastelarias, Telepizza e hipermercados, facilitando-nos o regime alimentar sem glúten.

Ser celíaco para mim é ser especial e não diferente das outras pessoas. A única diferença que existe, prende-se com a abolição do glúten da nossa vida. Podemos viver intensamente a nossa vida independentemente da nossa condição de celíaco. “Vive como se fosses morrer amanhã. Aprende como se fosses viver para sempre (Mahatma Gandhi)”.

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